Melanie Klein (1882-1960) fundamentou sua teoria na observação do bebê em seu primeiro ano de vida, o que a resultou na identificação de situações de angústia profundas e poderosas nas fazes iniciais do desenvolvimento mental. Podemos afirmar que ela elegeu como tema central em sua obra a angústia e as defesas criadas pelo ego contra a mesma. Para a autora a angústia e sua resolução são pré-requisitos do desenvolvimento.
De modo contrário a Freud que privilegiou a libido, Melanie Klein tomou como foco a agressividade e sua influência no desenvolvimento psíquico do sujeito. Em seu artigo “A importância da formação de símbolos no desenvolvimento do ego” escrito em 1930, afirma que “O excesso de sadismo dá origem a angústia” (p.252), determinando assim, que a angústia tem sua origem no excesso de agressividade experimentado pelo bebê nos primeiros meses de vida. Neste mesmo artigo explica que o ego é obrigado a lidar com a angústia que advêm desse excesso pulsional, tendo que dominá-la e que para isso cria mecanismos defensivos. Nesse estágio, para se defender o ego expulsa de si a agressividade e dirige-a contra o objeto com a intenção de destruí-lo. No entanto nesse percurso a agressividade se torna a própria fonte de perigo, pois ao liberar a angústia, estabelece-se o medo da retaliação por parte do objeto atacado. A autora conclui que é essa angústia inicial que põe em movimento o mecanismo de identificação, impulsionando o bebê a avançar para outra posição em seu desenvolvimento mental. (Melanie Klein, 1930 p.252).
Melanie Klein (1930 p.253) acreditava que a capacidade do ego se relacionar com a realidade está intimamente ligada ao grau de tolerância deste ao lidar com a pressão causada pelas primeiras situações de angústia, sendo que “uma certa quantidade de angústia é a base necessária para que a formação de símbolos e a fantasia ocorram em abundância” . Percebemos como a autora coloca a angústia em uma posição central em relação ao desenvolvimento psíquico do sujeito. Neste contexto notamos uma similaridade entre o pensamento de Melanie Klein e Freud no que tange a importância do fator quantitativo de excitação que o eu é capaz de suportar e sua relação com o surgimento da angústia. É importante frisar também que a autora, assim como Freud, coloca a angústia como sendo promotora de mecanismos defensivos. Os mecanismos defensivos utilizados pela criança em seu estágio inicial de desenvolvimento são atualizados em sua vida adulta à medida que o sujeito vivencia situações geradoras de angústia. Essa idéia é desenvolvida em 1940 no artigo intitulado “O luto e suas relações com os estados maníaco-depressivos” onde Melanie Klein deixa claro que a forma como o bebê reage aos lutos, ou seja, às perdas é determinante em sua vida adulta.
Em seu artigo de 1946 “Notas sobre alguns mecanismos esquizóides” Melanie Klein traz um relato detalhado acerca do desenvolvimento psíquico do bebê em seus primeiros três meses de vida. Neste período a autora afirma que o bebê está na posição esquizo-paranóide, cuja principal característica é a cisão, tanto do eu quanto do objeto. A mãe é uma mãe excindida: a mãe boa é aquela que o satisfaz, sendo que a mãe má é aquela que lhe nega a satisfação. A cisão do objeto que deriva da agressividade que lhe é dirigida acarretará também a cisão do eu, e segundo a autora, este processo se repete nos casos de esquizofrenia. Portanto, a resolução da posição esquizo-paranóide dependerá da capacidade do eu em transformar o objeto cindido em um objeto total possível de ser internalizado pelo eu à medida que este se identifica com o objeto. Este processo é determinante na instauração da estrutura psíquica, pois uma fixação na posição esquizo-paranóide poderá desencadear a psicose em um momento posterior da vida do sujeito. Entre três e seis meses o bebê passará à posição depressiva onde estabelecerá uma relação com o objeto total sendo que o sentimento de culpa e de reparação se constituirá como marcas em seu desenvolvimento. Nessa fase ainda haverá alternâncias entre a posição esquizo-paranóide e a posição depressiva, porém uma maior integração do eu tornará possível uma maior compreensão da realidade psíquica e melhor percepção do mundo externo. A culpa e o medo vivenciados nessa fase são resultado da agressividade dirigida contra o objeto amado e o impulso em reparar e proteger o objeto é que capacitará o eu para se relacionar melhor com os objetos sendo capaz de fazer sublimações, o que faz com que o eu se integre cada vez mais. A autora coloca que angústias arcaicas são vivenciadas nesse período, porém elas perdem força à medida que a posição depressiva é elaborada.
Ainda em “Notas sobre alguns mecanismos esquizóides” Melanie Klein, (1946) afirma que no caso de o eu não ser capaz de fazer frente à angústia vivenciada nesse período e elaborar a posição depressiva, acontecerá uma regressão do mesmo à posição esquizo-paranóide, o que serviria de base para o desencadeamento posterior da psicose ou o fortalecimento de traços depressivos devido à desintegração cada vez maior do eu.
Para Klein (1946), a angústia é derivada da pulsão de morte assumindo especificamente a forma da agressividade.
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ResponderExcluirola sou estudante de psicologia do 9º periodo, o tema do meu tcc tem relações com seu artigo, gostaria de saber aonde vc encontrou o artigo de m. klein (a importancia da formação de simbolos) ? preciso dele urgente ! grata - email: rayssa42009@hotmail.com ou rayssa42012@gmail.com
ResponderExcluirOlá, assim como a Rayssa também sou estudante de psicologia e preciso deste artigo de Klein "a importancia da formação de simbolos", onde posso encontra-lo?
ResponderExcluire-mail: diane.olympiooliveira@hotmail.com